09/03/2009

Woody Brown, um ídolo, um anjo

Eu, como poucos, admiro e estudo a vida dos watermen da velha guarda. Através de leituras e biografias traduzidas, vídeos e reportagens raras de suma importância, com o tempo que você vai se aprofundando no assunto, mais exótico e dramático se torna a vida desses homens que fizeram historia apenas saindo da alienação da sociedade Norte Americana. Woody Brown falecido ano passado, aos 96 anos de idade, foi um dos últimos homens que descobri e foi um dos que mais me chamou a atenção, no sentido da humildade e experiência que teve em vários capítulos de sua vida, que foi, resumidamente não satisfatório à mim, assim:



Woodbridge Parker Brown nasceu em 1912 em Nova York, um filho de uma respeitosa família. Em seus anos de adolescência apaixonou-se por aviação largando a escola aos 16 anos de idade. Começou à freqüentar o Aeroporto de Curts em Long Island, Nova York, dormindo em hangares fazendo de tudo para ficar perto de sua paixão. Logo cedo, abandonou os aviões mecânicos quando descobriu os planadores. Durante seus dias de planagem, Woody se casou com uma inglesa independente e esperta chamada Elizabeth Sellon. Dirigindo para La Jolla - California, rebocando seu planador, o casal deixou Nova York em 1935.

Lá, ele conseguiu um rendimento o bastante para sustentar sua dedicação à planagem, com isso, ele foi o primeiro à lançar um planador do penhasco em La Jolla, que mais tarde tornou “Torrey Pines Glider Port”. Além de sua paixão de voar, começou a surfar em La Jolla, onde se tornou o primeiro surfista da praia, com sua prancha oca de madeira de 10 pés (3 metros).

Em 1939, com sua mulher grávida, foi convidado à participar de um grande encontro dos Planadores no Texas. Pegando seu planador Thunder Bird em La Jolla, Woody planou por 263 milhas, passando 3 estados até chegar em Texas. Batendo o recorde nacional e mundial de altitude, de distância, de tempo de vôo nas alturas e objetivo de vôo em um planador. Chegou a receber um telegrama de parabéns do presidente da repúbilca dos EUA, Herbert Hoover.




Ao voltar para casa, sua esposa falece no parto de seu filho, “Eu desabei, não conseguia surfar, não conseguia voar, eu estava morrendo” diz. Largando tudo, Woody foi para Oahu, Hawaii, e por causa da Segunda Guerra Mundial, foi obrigado a ficar na ilha não conseguindo completar seu destino, que era Tahiti. Na ilha, descobriu as ondas grandes e perfeitas que lá quebravam, conhecendo os locais Wally Froiseth, John Kelly e Fran Heat.

Na década de 40, Woody se casa pela segunda vez, com uma hawaina que foi apelidada pelos surfistas de “Ma” Brown. Não sendo apenas surfistas de ondas grandes, mas também exploradores, exploraram principalmente a costa norte (North Shore) de Oahu onde mais tarde ficou o centro mundial do surf.

Em 22 de dezembro de 1943, Woody junto com seu amigo Dickie Cross de 17 anos, foram surfar em Sunset Beach em uma tempestade crescente, “nós não sabíamos que iria transformar num Inferno, eu apenas fui no North Shore 4 ou 5 vezes” admite. Com as ondas passando de 20 pés, os dois são obrigados à remar para águas profundas com o objetivo de não serem pegos pelas ondas, remando 3 km até chegar na baía de Waimea , os dois pensaram que lá estariam seguros. Dickie após tentar sair remando em uma onda, perde sua prancha e fica a nado, logo após Woody também perde a sua. Com sua experiência, Woody propositalmente, foi jogado pelas ondas conseguindo chegar à praia pelado onde um pessoal do exército estava esperando os dois na areia. Soldados relatam que as ondas passavam dos 60 pés e que o garoto (Dickie) tentou pegar jacarézinho para se safar, mas na primeira tentativa ele desaparece e nunca mais foi visto.



Depois desse dia, Woody se muda para Christmas, onde viu uma canoa hawaiana repousada, com o designe desta canoa, ele criou um veleiro de dois cascos, conhecido hoje como Catamarã. Sua descoberta entrou no livro dos records por ser o veleiro (38 pés) mais rápido do mundo, por conseguir grandes velocidades como 20 nós. Isso fez com que seus veleiros entrassem nos negócios pela sua vida inteira.

Na década de 80, Woody se muda para Maui e converte-se para Bíblia, onde escreveu livros como “The Gospel Of Love” e “A Revelation Of The Second Coming”.
Em 1986 sua segunda mulher morre de diabete. Magoado, Woody vai para Filipinas com o objetivo de encontrar a próxima esposa. Se casa pela terceira vez, com uma filipina chamada Macrene, 30 anos. Os dois tiveram dois filhos e se mudaram de novo para Maui, aonde ele veio a falecer em 16 de abril de 2008, aos 96 anos de idade.


“Eu tenho que admitir, eu vivi na melhor época. Eu não poderia ter tido uma vida melhor, quer dizer, eu tive sorte. Eu voei na época mais romântica, onde cada decolagem era uma experiência nova. Com o Surf a mesma coisa, surfei as grandes ondas, ganhei um pequeno respeito... sabe, com as pessoas. Eu sou apenas um sortudo. Eu presenciei o velho povo hawaiano e o jeito que viviam. Eu peguei a ponta final do verdadeiro Hawaii. Estou agradecido e apreciado por tudo isso” se emociona Brown.

Surfou até os seus 91 anos de idade, parou por questão de saúde. Fascinado pela velocidade, Woody foi um grande surfista, velejador e planador do século XX e XXI, sempre querendo aperfeiçoar seu trabalho e que ao mesmo tempo foi a sua paixão. Ele estará no coração de quem sempre o adorou e se inspirou.


Uma das pranchas Hot Curl que Woody usou em sua vida.

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